MARKETING

A Necessidade de Regulamentar a Indústria dos Influenciadores

A regulamentação e profissionalização podem ser o caminho para evitar abusos e garantir um futuro sustentável.

O mundo dos influenciadores digitais cresceu exponencialmente nos últimos anos, tornando-se uma força poderosa que revolucionou a forma como a informação e a cultura são criadas, comercializadas e partilhadas. Como leitores, estamos constantemente expostos ao poder persuasivo dos influenciadores nas redes sociais, sejam eles celebridades, bloggers ou anónimos com um grande número de seguidores.

Mas, esta ascensão meteórica não foi acompanhada por regras e limites claros. A indústria dos influenciadores tem operado numa espécie de “wild west” digital, onde o comportamento antiético por vezes passa impune, as expectativas e remunerações são inconsistentes e os criadores raramente têm os mesmos direitos e proteções que outros profissionais de marketing.

Esta situação está a atingir um ponto crítico, com várias vozes a defender a urgente necessidade de estabelecer guardrails para evitar abusos por parte de influenciadores e marcas. Porque esta indústria, apesar de, globalmente, já valer muitos milhares de milhões, ainda se comporta por vezes como uma startup improvisada, sem coesão profissional.

De acordo com um artigo recente publicado na Harvard Business Review, existem contradições internas profundas no sector. É um espaço que permite empreendedorismo e exploração, conexão e assédio, verdade e falsidade, autoexpressão e danos, novas ideias e conforto em velhos preconceitos.

Os problemas centrais giram em torno da falta de regras e regulamentação neste mercado ainda incipiente. O que acontece quando os influenciadores mentem? Quem é responsabilizado quando as empresas exploram influenciadores que promovem os seus produtos? E como podemos tornar a indústria sustentável e produtiva para todos os envolvidos?

As autoridades têm começado a reagir, com países como o Reino Unido, França e, recentemente, Espanha a introduzir leis de transparência para proteger influenciadores, marcas e consumidores. Porém, a actuação das agências governamentais e grupos de defesa do consumidor tem um alcance limitado perante a dimensão global que a indústria dos influenciadores atingiu.

Para atingir a estabilidade, é necessário definir expectativas claras e infraestruturas de pagamento, bem como códigos de conduta profissionais como os que existem, por exemplo, no jornalismo. Os influenciadores, anunciantes e agências devem formar uma robusta organização de comércio para educar o público, premiar trabalhos inovadores e de qualidade, e dar apoio aos trabalhadores em início de carreira.

A profissionalização, a equidade salarial, a transparência e responsabilidade das plataformas, códigos de ética e a proteção dos direitos dos influenciadores devem estar no topo das prioridades.

Em Angola, seria benéfico trabalharmos antecipadamente no desenvolvimento de padrões e formação para influenciadores digitais. Ao regularmos enquanto a actividade ainda é relativamente nova, podemos prevenir problemas futuros e acompanhar as melhores práticas internacionais.

Esta indústria vende a ideia de “realidade”, pelo que permitir que a autenticidade seja distorcida e mal utilizada terá sérias consequências. É urgente estabelecer trilhos para evitar abusos e garantir um futuro sadio para este fenómeno que já ninguém pode ignorar.

Crédito: Baseado no artigo “Why the Influencer Industry Needs Guardrails” de Emily Hund, publicado na Harvard Business Review.

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