Relatório Analisa Potencial da Inteligência Artificial na Indústria Alimentar
Um estudo da MIT Technology Review Insights examina como a IA pode contribuir para enfrentar os desafios globais de alimentação e sustentabilidade

A indústria alimentar enfrenta desafios múltiplos: alimentar uma população mundial crescente, minimizar impactos ambientais significativos, e garantir acessibilidade e valor nutricional adequados. É neste contexto que um recente relatório intitulado “Powering the Food Industry with AI” examina como a inteligência artificial pode contribuir para abordar alguns destes desafios.
O estudo, desenvolvido pela MIT Technology Review Insights em colaboração com a Revvity Signals, apresenta uma análise sobre as potenciais aplicações da IA num sector que, segundo o relatório, ainda depende consideravelmente de infraestruturas e processos tradicionais.
A análise identifica diversas possíveis aplicações da IA na indústria alimentar, desde a agricultura até ao desenvolvimento de produtos finais. No campo agrícola, o relatório sugere que as tecnologias de IA podem contribuir para uma monitorização mais precisa das culturas, tomadas de decisão agronómicas orientadas por dados e potencialmente melhorar a utilização de recursos como água e fertilizantes.
Na área de investigação e desenvolvimento, o documento examina como a IA pode ser aplicada à edição genética através de tecnologias como CRISPR, potencialmente acelerando o desenvolvimento de culturas mais resistentes e nutritivas.
No campo dos alimentos processados, o estudo aponta como a inteligência artificial pode contribuir para melhorias na textura, sabor e valor nutricional de alternativas alimentares, como proteínas de origem vegetal.
O relatório sugere que as parcerias entre grandes empresas, startups e instituições académicas podem ser importantes para promover a inovação no sector. De acordo com a análise, as startups podem beneficiar da ausência de sistemas legados, enquanto as grandes empresas podem oferecer acesso a dados e capacidade de implementação à escala.
O estudo identifica a fragmentação de dados como um dos principais obstáculos à adopção da IA no sector alimentar. Segundo a análise, seriam necessárias estratégias que incluam padrões industriais comuns, infraestruturas de partilha seguras e atenção à privacidade e interoperabilidade.
De acordo com o relatório, uma das potenciais vantagens da aplicação da IA no sector seria o seu contributo para a sustentabilidade. O estudo considera que estas tecnologias poderiam ajudar a optimizar o uso de pesticidas (que frequentemente apresentam baixa eficácia), a reduzir o desperdício alimentar e a diminuir emissões de gases com efeito de estufa, inclusivamente através do desenvolvimento de proteínas alternativas com menor impacto ambiental.
No âmbito da segurança alimentar, o documento sugere que a IA poderia contribuir para a detecção precoce de patógenos e para a implementação de sistemas de controlo de qualidade mais eficientes.
O relatório nota que aproximadamente dois mil milhões de pessoas são afectadas por deficiências nutricionais a nível mundial. Neste contexto, o documento considera que a biofortificação assistida por IA poderia ser um factor relevante para abordar o que é referido como “fome escondida”. De acordo com a análise, estas tecnologias poderiam auxiliar no desenvolvimento de alimentos com melhor perfil nutricional a custos potencialmente mais acessíveis.
O estudo observa que o sector alimentar ainda apresenta um nível de adopção tecnológica menor comparativamente a outros sectores. Segundo o relatório, existem desafios relacionados com a disponibilidade de talentos especializados, infraestruturas e estratégias de implementação de IA.