Mobile Money Cresce Globalmente com África na Liderança

O mais recente Relatório sobre o Estado do Dinheiro Móvel 2025, publicado pela GSMA, confirma o que já se vinha a desenhar nos últimos anos: o ecossistema de mobile money mantém um crescimento robusto, com África a afirmar-se como o epicentro global deste movimento. Apesar do progresso visível, Angola continua a enfrentar o desafio de traduzir o crescimento em maturidade de uso, como revela a análise regional do estudo.

O número de contas de dinheiro móvel registadas em todo o mundo ultrapassou os 2,1 mil milhões em 2024, um crescimento de 14% face ao ano anterior. Dessas, 514 milhões são activas mensalmente (+11%). O volume de transacções processadas ascendeu a impressionantes 1,68 biliões de dólares, num total de 108 mil milhões de operações (+16%).

Este dinamismo teve impacto directo na economia global: a GSMA estima que o sector contribuiu com 720 mil milhões de dólares para o PIB dos países com serviços activos — o equivalente a 1,7% do PIB. Em África Subsariana, a contribuição foi ainda mais expressiva, atingindo os 190 mil milhões de dólares (+4,5% do PIB regional).

A rede de agentes também cresceu significativamente, com 28 milhões de agentes registados, dos quais 10 milhões estão activos mensalmente. As transacções com comerciantes, remessas internacionais e pagamentos de contas registaram todas um crescimento sólido. As transferências entre contas bancárias e contas de mobile money ultrapassaram os 250 mil milhões de dólares.

O relatório revela igualmente um forte investimento na inovação: 60% dos operadores lançaram programas de literacia digital financeira e muitos passaram a oferecer produtos como crédito (44%), poupança (33%) e seguros (28%). Estes avanços têm vindo a contribuir para a viabilidade comercial do sector, com 80% dos operadores a reportar EBITDA positivo.

África lidera, mas Angola ainda procura ganhar maturidade

Com 1,1 mil milhões de contas registadas e 66% do valor total transaccionado globalmente, África reafirma-se como o centro nevrálgico do mobile money. África Oriental e Ocidental são as regiões mais maduras, enquanto África Austral, onde se inclui Angola, mostra sinais de crescimento, mas ainda com limitações.

Em 2024, a região da África Austral registou 27 milhões de contas (+19%), mas apenas 4 milhões estavam activas (-20%). O volume de transacções caiu 9%, apesar de um aumento de 4% no valor total transaccionado. Estes dados apontam para um nível de penetração ainda limitado e um uso não regularizado por parte dos utilizadores.

O relatório não traz dados específicos sobre Angola, mas o contexto regional ajuda a traçar um retrato do mercado nacional: emergente, com sinais positivos de adesão, mas ainda em fase de amadurecimento.

A visão da UNITEL Money sobre o futuro do sector

Durante a apresentação do relatório, Antonieta Gomes, Directora de Negócios Financeiros Móveis da UNITEL Money, partilhou a visão da empresa sobre o papel do mobile money em Angola:

Tem havido um verdadeiro salto na adopção do digital como primeira escolha, principalmente em África. Embora surpreendente, é também um reflexo natural da evolução global.

A responsável destacou ainda os esforços da UNITEL Money para disponibilizar soluções digitais acessíveis à população angolana. Ao abordar a necessidade de inovação contínua, sublinhou que:

Para que os serviços de mobile money se mantenham competitivos, é essencial impulsionar novos produtos e responder às expectativas dos clientes — como transferências internacionais, marketplaces, seguros e restantes serviços financeiros. Estes serviços são fundamentais para o crescimento do sector e para uma maior inclusão financeira.

Referindo-se à rede de agentes, Antonieta Gomes sublinhou o seu papel como ponte entre a tecnologia e os cidadãos, especialmente em áreas com menor desenvolvimento:

Os agentes continuam a ser essenciais. Têm um papel importante na promoção da literacia financeira, digital e escolar junto das comunidades.

Em conclusão, o relatório da GSMA posiciona o mobile money como um importante instrumento para inclusão financeira, crescimento económico e inovação em África, especialmente nas regiões onde a banca tradicional tem menor presença. Angola, apesar de estar numa região com indicadores menos expressivos, apresenta potencial de crescimento neste mercado.