Comunicar nas Redes Sociais é Essencial para as PME Norte-americanas

As pequenas e médias empresas (PME) norte-americanas atingiram um ponto de maturação na sua transformação digital, com a adopção de novas tecnologias a estabilizar após anos de crescimento acelerado. Esta é uma das principais conclusões de um novo estudo sectorial divulgado em Abril de 2025 pela Verizon Business, cujos resultados oferecem dados relevantes sobre tendências que podem influenciar outros mercados empresariais.

O estudo, realizado entre 7 e 22 de Março de 2025 através de inquérito online pela Morning Consult, analisou 600 decisores de empresas com 1 a 500 colaboradores, distribuídos por seis sectores: construção, entretenimento, restauração, hotelaria, retalho e bebidas/alimentação.

Tecnologia consolidada, foco na optimização

Os dados revelam que as PME norte-americanas consolidaram as suas infraestruturas tecnológicas básicas. Sessenta e cinco por cento das empresas melhoraram as ligações de internet de alta capacidade, 63% actualizaram os planos de alta velocidade e 60% implementaram serviços de busca online especializados para negócios.

“Após o período de adopção acelerada que caracterizou os últimos anos, assistimos agora a uma fase de maturação”, explica o relatório. “O foco das empresas deslocou-se da adopção para a optimização e maximização do retorno sobre o investimento tecnológico.”

Esta tendência pode ser particularmente relevante para as PME angolanas, que ainda atravessam diferentes fases de digitalização. O estudo sugere que o investimento em infraestruturas básicas sólidas – como internet de alta capacidade e sistemas de segurança na cloud – continua a gerar ganhos claros em eficiência e receita.

Inteligência artificial: potencial reconhecido, adopção estável

Um dos aspectos mais interessantes do estudo prende-se com a evolução da inteligência artificial nas pequenas empresas. Embora a taxa de adopção se tenha mantido estável nos 38% desde Agosto de 2024, cresceu significativamente o grupo de empresários que reconhece o potencial da IA sem ainda a utilizar – mais quatro pontos percentuais.

O sector do entretenimento lidera a adopção de IA com 49%, seguido da hotelaria (43%) e do retalho (41%, que registou o maior crescimento). As aplicações mais comuns incluem análise de dados, marketing nas redes sociais e sistemas de recomendação de produtos.

Contudo, persistem barreiras significativas: 36% das empresas apontam a falta de familiaridade como principal obstáculo, seguida pelas preocupações de segurança (29%) e incerteza sobre a utilidade prática (27%).

Para o contexto angolano, estes dados sugerem uma oportunidade importante. Programas de formação e sensibilização podem reduzir as barreiras de familiaridade, enquanto parcerias com fornecedores especializados podem acelerar a implementação de projectos piloto.

Redes sociais: YouTube dispara, conteúdo torna-se essencial

As redes sociais emergem como o grande vector de crescimento para as PME. Três em cada quatro decisores reconhecem o impacto positivo das plataformas digitais e planeiam expandir a sua presença online.

O Facebook mantém a liderança com 82% de adopção, mas é o YouTube que regista o crescimento mais impressionante, subindo seis pontos percentuais para 70%. O Instagram posiciona-se em segundo lugar com 71%, enquanto plataformas como TikTok (58%) e LinkedIn (63%) consolidam posições significativas.

Mais importante ainda é a evolução na criação de conteúdo: 62% das empresas iniciaram ou aumentaram o investimento em conteúdos próprios. Dois terços criam conteúdo internamente com equipas dedicadas, seja através de departamentos formais (33%) ou funcionários especificamente atribuídos (38%).

Os principais desafios identificados são a dificuldade em produzir conteúdo suficiente (54%) e manter actualizações alinhadas com as tendências (54%).

Implicações para o mercado angolano

Os resultados do estudo norte-americano oferecem pistas valiosas para as PME angolanas. A estabilização na adopção tecnológica não significa estagnação, mas sim uma oportunidade para investir de forma mais estratégica e orientada para resultados.

No domínio das redes sociais, a liderança do YouTube sugere que as empresas angolanas devem diversificar as suas estratégias de conteúdo, privilegiando formatos de vídeo e investindo em competências de produção audiovisual. A criação de equipas internas dedicadas ou a contratação de serviços especializados emerge como uma necessidade crescente.

Quanto à inteligência artificial, o facto de 39% das empresas norte-americanas reconhecerem o potencial sem ainda adoptarem estas tecnologias indica que estamos numa janela de oportunidade. As PME angolanas que investirem agora em formação e experimentação podem posicionar-se vantajosamente face à concorrência.

Gestão de parceiros mantém-se crucial

O estudo destaca ainda a importância da gestão criteriosa de fornecedores. Os critérios mais valorizados incluem termos e condições claros (87%), facilidade de comunicação (85%) e resolução oportuna de problemas (84%).

Os factores que mais levam à mudança de parceiros são os aumentos de preços (73%) e a lentidão na resposta a problemas (70%), sublinhando a importância de negociar acordos de nível de serviço claros e evitar dependências excessivas de fornecedores únicos.

O relatório da Verizon Business confirma que as PME norte-americanas entraram numa fase de maturação digital, onde o diferencial competitivo reside na optimização das tecnologias existentes e na exploração estratégica de novas oportunidades, particularmente nas redes sociais e inteligência artificial.

Para as PME angolanas, estes dados sugerem que o investimento continuado em infraestruturas digitais, a formação em IA e o desenvolvimento de competências de criação de conteúdo para redes sociais representam prioridades estratégicas para os próximos anos.