Criadores Apostam no Empreendedorismo para Assumir o Controlo das Suas Marcas
Estudo revela que mais criadores estão a transformar-se em empreendedores para proteger as suas audiências e diversificar os seus rendimentos fora das plataformas sociais

A crescente incerteza nas plataformas sociais está a levar muitos criadores de conteúdo a procurar alternativas para manter o controlo sobre as suas marcas. Segundo dados divulgados pela Shopify, com base num inquérito a 644 comerciantes da plataforma nos EUA, uma percentagem significativa de criadores está a migrar para o empreendedorismo, apostando em lojas próprias e projectos paralelos para garantir autonomia e estabilidade financeira.
Num contexto em que os algoritmos mudam frequentemente e os rendimentos através de parcerias patrocinadas tornam-se cada vez mais imprevisíveis, cerca de 78% dos criadores inquiridos admitem que estas dinâmicas influenciam directamente o tipo de conteúdo que produzem. Para muitos, isso compromete a autenticidade — um dos pilares fundamentais da relação com os seus seguidores.
É neste cenário que surgem exemplos como o de Katie Sturino, fundadora da marca de cuidados pessoais Megababe. Iniciou o seu percurso online com conteúdos autênticos sobre moda inclusiva e decidiu lançar a sua própria marca em 2017. Na altura, contava com cerca de 55 mil seguidores no Instagram. Hoje, a marca Megababe está presente em várias cadeias de retalho e expandiu a sua linha de produtos. “Comecei por querer ajudar outras mulheres a sentirem-se bem nos seus corpos. Quando percebi que podia fazer mais, abri a minha própria loja,” afirmou.
Outro caso é o de Rajiv Surendra, actor e criador de conteúdos com uma estética voltada para o artesanal e o “slow living”. O seu canal no YouTube tornou-se uma janela para um estilo de vida alternativo, o que motivou o lançamento de uma pequena loja online com produtos artesanais, como sabonetes e peças de cerâmica. “Ter o meu próprio site permite-me definir os termos da relação com o público, sem intermediários,” explicou.
O inquérito citado aponta que quase um quarto dos negócios que adicionaram uma plataforma de e-commerce como canal de vendas fizeram-no com o objectivo de conquistar maior controlo sobre a sua presença digital. Esta tendência demonstra como a figura do criador está a evoluir para a de empreendedor — não necessariamente por lucro, mas como estratégia de sustentabilidade e liberdade criativa.
Por fim, o comunicado sublinha o papel crescente da diversificação de canais e projectos como forma de resistência e adaptação. Katie lançou um livro e está activa em plataformas como o Substack; Rajiv, por sua vez, pondera agora formas de escalar a sua produção artesanal sem perder a essência.
Ambos os casos demonstram que a nova geração de criadores está mais preocupada em construir relações genuínas e duradouras com as suas audiências, num espaço onde o controlo e a autenticidade são prioridades.