O Ecossistema Empreendedor em Luanda foi objecto de um estudo promovido pela Embaixada dos Estados Unidos em Angola, pelo Acelera Angola e pela IdeaLab, no âmbito do concurso Quem Quer Ser Empreenddor (QQSE).
O estudo foi tornado público recentemente, num evento realizado no espaço de co-working do Acelera Angola Hub, e contou com a participação de Deneyse A. Kirkpatrick, Secretária de Imprensa da Cultura e Educação da embaixada americana e de Sara Fakir, Co-Fundadora da IdeaLab (Moçambique), a quem coube a tarefa de apresentar os principais resultados.
Com o grupo-alvo constituído por empreendedores e startups localizadas na capital angolana, numa fase muito inicial do negócio, mas com ambições de crescimento, foram colocadas questões sobre o sector onde operam, a fase de desenvolvimento em que se encontram, a forma como estão estruturadas, as estruturas de apoio existentes e os principais constrangimentos que os empreendedores enfrentam.
Os dados foram obtidos através de um questionário online, respondido por 65 empreendedores, 19 entrevistas a intervenientes das áreas de Finanças, Recursos Humanos, Mercados, Políticas Públicas, Instituições de Apoio e empreendedores, focus group com empreendedores e estudantes do ISPTEC e literatura relacionada com o ambiente de negócios em Angola.
Ao traçar o perfil do empreendedor em Luanda, a amostra estudada aponta para os seguintes resultados:
- A idade média são 30 anos
- 57% são homens e 43% são mulheres
- Possuem licenciatura (83%)
- A grande maioria tem experiência de trabalho por conta doutrem (94%)
- Os negócios na vertente tecnológica (53%) e não-tecnológica (47%)
- Presente nos sectores de Serviços e Consultoria (14%), Educação e Formação (12%) e Comunicação e Marketing (10%)
- Startups têm em média idade inferior a 1 ano (60%)
- A maioria dos empreendedores tem em média 2 negócios
- 46% dos empreendedores são capazes de pagar o seu salário e os da sua equipa (até cerca de 4 trabalhadores)
Foram mapeadas 131 organizações activas no ecossistema empreendedor em Luanda, nos vários domínios: 28 na área das Finanças, entre Bancos, Investidores Anjo, Micro-crédito, entre outras; 53 Instituições de Apoio, que incluem espaços de co-working, Incubadoras/Aceleradoras, Centros de Pesquisa e Laboratórios e Programas de Mentoria e Especialistas; ao nível do Mercado existem 13 eventos, 5 associações, 7 Redes de Contactos e 6 Competições/Desafios; nas Políticas Públicas foram identificadas 7 iniciativas de promoção e apoio ao empreendedorismo e inovação; existem 6 Instituições de Ensino Superior activas no desenvolvimento de competências nesta área e existem 5 canais e iniciativas de comunicação que partilham informação sobre negócios de empreendedorismo em Angola.
As principais conclusões do estudo indicam que estamos perante um ecossistema emergente, ainda com iniciativas irregulares e com capacidade limitada. Os empreendedores apresentam uma idade relativamente avançada, já com experiência profissional e com nível académico superior, revelando algum receio em empreender em idades mais jovens (talvez devido à pressão social e garantia de estabilidade financeira). Existe um desalinhamento entre os stakeholders do ecossistema e o acesso a financiamento e produtos financeiros específicos é muito limitado.
Os resultados do estudo podem ser consultados na íntegra no site do QQSE Angola.
