Artigo de opinião de João Raul Gouveia
Angola chegou até mim pelas minhas avós, angolanas de coração com as histórias de família, amizade, solidariedade e de amor. A Guida, nascida em Caxito, cidade da província do Bengo, que me educou com o seu incondicional amor e dedicação, quentes como o pôr de sol de Cabo Ledo, a minha tia Mariana que veio para Luanda, em 1991, fazer um Estudo sobre as Condições de Vida e de Trabalho dos Operários Angolanos e que no regresso a Portugal trazia o coração e a cabeça cheios de sonhos, embalados pelo som das quizombas dançadas em noites quentes. Histórias que me acompanharam desde a minha mais infância e que, numa coincidência de vida profissional, me fizeram escolher Angola, onde hoje vivo e trabalho.
Com a celebração deste mês dedicado a todas as mulheres devemos recordar e homenagear as mulheres que com irreverência, determinação e coragem tiveram um papel essencial na luta pela igualdade de direitos e oportunidades. O peso da pandemia provocada pela Covid19, assim como as alterações climáticas e os conflitos internacionais fazem-nos temer, hoje, que esses mesmos direitos, conquistados ao longo de décadas, sejam ameaçados e que se verifiquem recuos na promoção da igualdade de género, fundamental para a promoção do empoderamento da Mulher.
Em África a igualdade de género, traduz-se num amanhã sustentável. As recomendações gerais da Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Descriminação contra as Mulheres (CEDAW) apontam para a necessidade da participação das mulheres na tomada de decisões para a adaptação e mitigação contra as mudanças climáticas uma vez que são mais vulneráveis ao seu efeito e actuam, de forma activa e comunitária nas respostas aos desafios do clima.
A igualdade de género, que se traduz hoje na paridade e igualdade de oportunidades não deve ser entendida como um privilégio de um grupo de elite de mulheres licenciadas e dirigentes, mas deve ser transversal a todas as mulheres, estejam elas onde estiverem e seja qual for o papel delas na sociedade.
Neste Mês da Mulher, é importante continuar a despertar e alavancar gerações que levem hoje a cabo desejos e sonhos que assegurem a igualdade, o respeito e a constante reflexão estratégica nas realizações dos géneros, dos homens e das mulheres. Uma sociedade equilibrada no respeito entre eles e elas, será a sociedade mais perfeita e desenvolvida e que fará apagar da história as diferenças e fomentará sempre a união.
João Raul Gouveia, Consultor Sénior de Comunicação. É licenciado em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada de Lisboa e detém o Curso de Gestão Civil de Crises pelo Instituto de Defesa Nacional, em Portugal. Entrou na Cunha Vaz & Associados em 2017 e integrou a CV&A Angola em 2019. Está actualmente a trabalhar em diversos projectos na área da consultoria e comunicação institucional, em vários sectores de actividade em Angola, e pode ser contactado no LinkedIn.
Adorei o artigo. Escreve mais.