100 bebés
Já trouxemos 100 bebés ao mundo.
O grande milagre da vida é este. O nosso propósito é cuidar, prestar dedicação, criar relações humanas e ser altruísta com quem entra nossas portas adentro.
Este texto não é exactamente um texto jornalístico até porque eu não tenho estas competências.
Sou uma mulher normal, todos os dias subo ao 10.º piso, espalho os bons dias com quem me cruzo e tento deixar esta marca mais humana e real.
Trabalho a minha equipa para ser mais capaz, mais resiliente, mais humana, mais forte e com mais generosidade pelo próximo.
Trabalho em saúde há 3 anos, mas já sei que é onde quero estar.
A história que quero contar é a da nossa Maternidade e conta como ser consistente e resiliente faz nascer uma Anelise, com olhos de mel.
Há um ano iniciamos o projecto de construção da nossa Maternidade. Vi crescer cada bloco, cada quarto, cada dificuldade do Etgar e todas as angústias da Daniela.
Rimos muito mas também sofremos bastante. Tantos foram os sábados em que passavam as horas de um dia que podia ser de boda, mas o deadline não nos deixava. Sobravam algumas noites para dormir.
Portas que não cabiam e tiveram de ser refeitas, projectos alterados à última hora, equipamentos que nunca mais chegavam e à medida que o timing se aproximava, a ansiedade e a insónia tomavam conta desta equipa.
O Etgar e a Daniela. Eles são os heróis deste começo. Acreditaram, trabalharam, fizeram acontecer e voilá… dia 11 de Maio abrimos a Maternidade do Luanda Medical Center.
Os primeiros meses foram intensos, com procedimentos a correrem, equipas a serem formadas, dúvidas, processos a tomarem forma e a crescerem. Fazer parte deste processo foi orgânico e prazeroso.
E 6 meses depois chegou a Anelise. A pequena Anelise.
Preparada para enfrentar uma vida cheia de mundo. Recebida com intenção, dedicação e muito suor destas equipas.
A Anelise é uma dádiva de um universo que se prepara e renova todos os dias.
Todas as palavras do mundo, agora, só podem ir para a Anelise e para os seus pais. Que a vão amar, sentir e cheirar aquela pele fina e macia todos os dias.
O Etgar e a Daniela foram de uma força incrível e eu acreditei neles. A equipa acreditou neles. A mãe da Anelise também acreditou neles, mesmo sem saber, que os sábados sem boda, as insónias e as angústias de problemas que pareciam não ter fim afinal resultaram no nascimento de uma filha maior do que qualquer amor.
A Enfermeira Ana Paula e o Dr Argenis foram também protagonistas da vida da Anelise. Foram eles que acreditaram neste sucesso, não desistiram e seguiram em frente.
Eu não fiz quase nada a não ser assistir ao maior nascimento deste ano, a nossa Maternidade.
Vou escrever no meu CV “fiz nascer uma maternidade e ajudei a Anelise a chegar à vida”.
A escolha destes universos é trabalhada todos os dias à medida que imergimos no nascimento seja do que for.
A nossa maternidade foi um projecto muito desejado, muito estruturado e que aconteceu porque o nosso CEO acreditou na equipa.
A Anelise vai ser uma menina muito lembrada por esta equipa porque ela e todos os outros bebés são a prova que acreditar e ser consistente é preciso para vencer o vento da vida.
Eu sou só uma mulher normal e todos os dias subo ao 10.º piso, espalho alguns bons dias com quem me cruzo e tento deixar esta marca mais humana e real.
Ana Rita Fernandes formou-se em Design pelo IADE, Lisboa. Possui 15 anos de experiência em design editorial, tendo colaborado com editoras como Editorial Verbo e Leya Editores, bem como com jornais como Público, Expresso, Jornal Brasil e Folha de São Paulo. Trabalhou no departamento de comunicação do Teatro Municipal Joaquim Benite. Realizou uma pós-graduação em Educação pela Arte no IADE e lecionou Educação Visual e Tecnológica. Mudou-se para Angola em 2013, onde coordenou vendas e marketing na Damer Gráficas. Em 2020, juntou-se à direcção do LMC onde é Directora de Marketing & Comunicação. Para complementar sua formação, fez um curso em Marketing Digital na Universidade Católica e uma pós-graduação em Marketing e Inovação em Saúde no IPAM.