Candando Apoia a Produção Nacional: Vinho Vale do Bero
Descubra a excelência dos produtos e o empenho dos produtores nacionais
A crescente valorização dos produtos locais e o desejo de consumir o que é genuinamente angolano são temas de grande relevância para os consumidores e produtores do país. A marca de vinho Vale do Bero surge como uma resposta a esta procura por produtos de qualidade superior que carregam a essência da nossa terra, demonstrando também o despertar do interesse na produção de vinho em Angola.
Paulo Múrias, produtor do Vale do Bero, e Danil Carsandas, representante da MultiÁfrica, distribuidor da marca, partilharam os desafios e conquistas deste projecto numa entrevista recente.
A Vale do Bero nasceu de um desafio aceite por Paulo Múrias, há 20 anos, para investir numa fazenda. Localizado na província do Namibe, inicialmente o projecto focava-se no cultivo de oliveiras, mas houve uma mudança de rumo. Com o apoio de técnicos portugueses, em 2014 é plantada uma vinha, marcando o início de uma jornada de produção que culminou na primeira comercialização em Agosto de 2022.
A marca Vale do Bero está posicionada no segmento médio-alto. Actualmente, os vinhos têm preços entre 7.500 e 8.300 kwanzas. A distribuição é abrangente, incluindo supermercados, restaurantes e armazenistas. A marca tem tido boa aceitação e apoio de grandes redes como o Candando.
No entanto, a jornada não foi isenta de obstáculos. A desvalorização da moeda nacional, a crise económica e a falta de apoio bancário foram desafios significativos. “A crise económica e a desvalorização do kwanza impactaram fortemente o negócio. Além disso, há dificuldades com apoio bancário, burocracia excessiva e falta de mão de obra qualificada local em viticultura e enologia,” destaca Paulo Múrias.
Apesar destas dificuldades, a qualidade do Vale do Bero tem-se destacado, com a procura a superar a oferta. Desde o início, a qualidade tem melhorado a cada lote. “A área de produção inicial era de 20 hectares, mas estamos em fase de duplicar para 40 hectares. Nas novas plantações, houve um aumento da densidade de plantas por hectare para optimizar a produção,” explica Paulo Múrias. A expansão e a optimização são essenciais para atender à crescente procura nacional e futura exportação.
A marca não só foca na qualidade do produto, mas também no impacto social. Actualmente com 86 trabalhadores, a maioria locais, o projecto é o principal empregador da comunidade local. “Há planos para construir casas para os melhores trabalhadores e interesse em recuperar a escola local para os filhos dos funcionários, demonstrando um compromisso com o desenvolvimento da comunidade,” reforça o produtor.
Para o futuro, a Vale do Bero tem planos ambiciosos. Entre eles, aumentar a produção, diversificar os produtos, lançar aguardente vínica e desenvolver vinho branco e reserva. Em termos de distribuição e marketing, a marca tem apostado no mercado nacional, com acções promocionais em supermercados, presença nas redes sociais e campanhas de vídeo. O enoturismo também está a ganhar força, com a propriedade a receber visitas e grupos para acampar.
Finalmente, para o crescimento sustentável do sector vinícola angolano, os entrevistados destacaram a necessidade de uma legislação adequada para denominação de origem, uma lei de terras que garanta segurança na propriedade, melhores apoios bancários, e melhoria das infraestruturas rodoviárias. Estes são passos cruciais não só para o sucesso da Vale do Bero, mas para o desenvolvimento de toda a viticultura em Angola.
Embora a produção de vinho em Angola apresente desafios significativos, a história da Vale do Bero mostra que, com a abordagem certa, estes podem ser transformados em oportunidades de sucesso, beneficiando não apenas os produtores, mas toda a comunidade e economia angolana.
Este artigo integra a série “Apoio à Produção Nacional”, iniciativa promovida pelo Candando, que realça a excelência e o empenho dos produtores locais e o impacto significativo que o apoio ao empresariado local tem para a economia e a cultura angolana. Optar por comprar produtos locais é, portanto, mais do que uma simples transação; é um compromisso com o desenvolvimento sustentável das comunidades locais.