MARKETING

Crise de Credibilidade no Marketing de Influência Agravada pela Inteligência Artificial

Novo estudo expõe tensão entre autenticidade e tecnologia no sector dos influenciadores

A utilização crescente de inteligência artificial na criação de conteúdo está a acelerar uma crise de credibilidade no marketing de influência, segundo revela uma nova investigação. O relatório “Get Real: The Data on Influencer Marketing”, que ouviu mais de 1.300 influenciadores, profissionais de marketing e consumidores, expõe uma clara tensão entre a adopção tecnológica e as expectativas de autenticidade do público.

Os dados revelam uma realidade paradoxal: enquanto 81% dos influenciadores admitem usar inteligência artificial para auxiliar na criação de conteúdo, 35% dos consumidores desconfiam de material gerado por IA. Esta desconfiança traduz-se numa exigência clara de transparência – 61% dos consumidores acreditam que os influenciadores devem divulgar quando recorrem a estas tecnologias.

A investigação sugere que esta tendência reflecte uma mudança mais ampla nas expectativas do público, que valoriza cada vez mais a autenticidade em detrimento da produção técnica.

O estudo evidencia uma mudança fundamental nas expectativas da audiência. Contrariando a tendência de conteúdo altamente produzido e polido, os consumidores privilegiam agora a genuinidade sobre a qualidade estética. Quase 40% dos inquiridos afirmam que a capacidade de identificação é o principal motivo para confiar num influenciador – não a sua fama ou número de seguidores.

Esta preferência pela autenticidade manifesta-se também na rejeição de práticas enganosas. Metade dos consumidores deixaria de seguir um influenciador se descobrisse que este comprou seguidores, numa altura em que um terço dos próprios influenciadores admite recorrer a estas práticas.

O relatório expõe uma preocupante desconexão entre aquilo que os influenciadores promovem e aquilo que efectivamente utilizam. Apenas um em cada três consumidores acredita que os influenciadores usam realmente os produtos que promovem, enquanto 56% dos influenciadores admitem promover produtos de que não gostam.

Esta falta de transparência tem consequências tangíveis: 71% dos consumidores já se arrependeram de uma compra baseada na recomendação de um influenciador. Para os próprios criadores de conteúdo, ser forçado a soar inautêntico é a maior frustração ao trabalhar com marcas, citada por um em cada quatro influenciadores.

O estudo sublinha uma transição no sector, onde os profissionais de marketing estão a abandonar a busca pela escala em favor da construção de ligações genuínas. “O alcance não é igual à ressonância”, é uma das principais conclusões, sugerindo que as marcas devem priorizar criadores com capacidade de identificação e relação com a audiência, em detrimento do número de seguidores.

A principal “irritação” dos consumidores ao visualizar conteúdo de influenciadores é o envolvimento inautêntico, seguida de perto pela falta de transparência.

A investigação utilizou uma metodologia que combina questionários tradicionais com respostas em vídeo para capturar perspectivas mais aprofundadas. Os participantes incluíram influenciadores (22%), consumidores (52%) e profissionais de marketing (26%) de sectores diversos como moda, finanças, viagens, entretenimento e software, com respostas recolhidas globalmente, principalmente na América do Norte e Europa.

Parceiros Banner Unisaude As melhores soluções do mercado para o benefício saúde

Artigos Relacionados

Botão Voltar ao Topo