ENTREVISTASPUBLICIDADE

BOOST: Fundadores Falam Do Actual Momento Da Agência

Há um mês a BOOST venceu o prémio ‘Platina Agência do Ano’ no festival angolano de publicidade FESTIPUB.

Antes disso, a agência tinha também sido distinguida com vários prémios nos Lusófonos da Criatividade, incluindo ‘Agência de Publicidade do Ano em Angola’.

A somar aos prémios arrecadados e ao trabalho desenvolvido durante o ano, no início do segundo semestre de 2022 a BOOST mudou de instalações, dando indícios da fase positiva e de crescimento que a agência está a atravessar.

Para conhecermos com mais detalhe o actual momento da empresa, conversamos com 2 dos fundadores da agência. Ricardo Sena Lopes, que ocupa o cargo de CEO e João Graça, Chief Creative Officer (CCO), partilharam um pouco do sentimento da agência em relação às recentes premiações, ao mesmo tempo que falaram do percurso da agência e da visão que têm sobre o mercado publicitário angolano.

A importância do FESTIPUB para os profissionais e para as agências e empresas do sector

Ricardo Sena Lopes reconhece a importância do FESTIPUB para o mercado publicitário, na medida em que este tipo de festival “sublinha e devolve às agências, que fazem um bom trabalho, o merecido reconhecimento”. Ao mesmo tempo, salienta que a forma profissional como o festival é realizado “eleva a fasquia de quem faz comunicação, o que provoca melhor comunicação no futuro”.

O festival contribui para o desenvolvimento do sector?

Distinguir o trabalho de qualidade naturalmente estimula e ajuda, mas não será só isso que vai desenvolver o mercado, como reconhece Ricardo Sena Lopes. Trata-se de um “barómetro” que serve para promover as agências e elevar a fasquia do mercado. João Graça acrescenta que depois de elevada a fasquia, a qualidade já não pode ser baixada.

Sobre o significado de vencer o prémio ‘Platina Agência do Ano’ do FESTIPUB

João Graça explica que o prémio ‘Platina Agência do Ano’ é atribuído à agência com maior número de trabalhos premiados, sejam eles ‘Bronze’, ‘Prata’ ou ‘Ouro’. É por isso um prémio que recompensa a consistência. Por seu lado, Ricardo Sena Lopes realça o facto de a agência ter vencido este prémio pela segunda vez consecutiva, atribuindo o mérito ao trabalho diário das equipas.

Vencer este prémio também “é interessante pela pressão” que é colocada à agência vencedora, que ficará sob um maior escrutínio em futuras edições, como aponta o CEO da BOOST.

E qual o papel dos clientes nestas premiações?

Os publicitários assumem que ganhar prémios não depende apenas do perfil criativo da agência. Factores como a dimensão e a própria dinâmica dos clientes têm um peso importante. “O que nós temos vindo a fazer bem, com toda a humildade, é conseguir ter as marcas mais relevantes do mercado angolano e com elas conseguir fazer um bom trabalho criativo”, revela Ricardo Sena Lopes.

O gestor garante ainda que o bom trabalho criativo nem sempre é valorizado pelos clientes tanto quanto pelo mercado publicitário. A preocupação dos clientes recai sobre se a marca aparece bem, se é notabilizada e se o negócio cresce, independentemente de ter uma campanha premiada ou não. “São realidades diferentes”.

João Graça não tem dúvidas em afirmar que “só é possível ganhar prémios se a relação com os clientes for boa”.

Como surgem as grandes ideias?

“A essência de uma organização como esta é o trabalho incessante”, sublinha Ricardo Sena Lopes para quem é importante recusar uma primeira ideia para ver se surge uma segunda ideia melhor.

Por seu lado, João Graça afirma que é o diálogo com o cliente que faz com que a ideias evoluam e cresçam.

Como é que os vossos clientes olham para estas premiações?

“As marcas percorrem o trajecto ao lado da agência, por isso é natural que sintam também elas distinguidas e premiadas, até porque aprovam os projectos que depois são considerados mais criativos nos festivais. Há formas de passar a mesma mensagem, até com o mesmo valor percepcionado, sem ter que abordar um caminho criativo do prémio”, nota Ricardo Sena Lopes.

Já João Graça sublinha que a questão da criatividade ser algo que merece prémio significa “eficácia da comunicação, mais valia para aquela marca ou produto e diferenciação”.

A ausência de prémios referentes à eficácia das campanhas

Analisando o actual panorama de premiações, Ricardo Sena Lopes refere que é também necessário premiar a eficácia e não apenas a criatividade. Prémios que congreguem factores como a criatividade, produção e os resultados produzidos por essas campanhas, seja em vendas ou awareness das marcas. Não se trata apenas de um prémio de perfil apenas criativo, pois junta todas as componentes de crescimento da marca e do negócio.

Para o publicitário trata-se de um barómetro diferente porque inclui componentes racionais, como por exemplo as vendas comparativas. A criatividade tem que ser analisada objectivamente tendo em conta resultados alcançados. “É outra lógica”. Quando se fala de eficácia, os prémios não podem ser apenas dirigidos às agências. É preciso apresentar cases, em conjunto com os clientes, que demonstrem resultados passíveis de ser verificados.

Quando se começa a trabalhar numa campanha pensa-se também no prémio?

Ambos são categóricos ao responder que “Não”.

Para Ricardo Sena Lopes existem “marcas que naturalmente permitem viagens criativas maiores. Mas a vida da agência é muito prática. Projectos com prazos muito apertados, por isso não há tempo para pensar em prémios”.

João Graça, o ‘chefe’ da criatividade da agência diz que apesar de os prazos de entrega serem sempre apertados, há uma preocupação de dar o máximo até à data de entrega para ter a melhor ideia, “mas a melhor ideia nem sempre é uma ideia que vale um prémio”. Ainda assim há em determinados trabalhos “qualquer coisa que sobressai, seja o contexto ou o produto em si” que permite dar um salto maior na criatividade.

Como descrevem o percurso da agência?

“Temos 9 anos de existência”, começa por dizer Ricardo Sena Lopes, que acrescenta que o trajecto tem sido muito consistente. “Não houve grandes voos, mas se formos olhar para o crescimento em head count e volume da agência, é algo que podemos considerar completamente sério”. O gestor chega a considerar o trajecto “boring” por causa da sua “previsibilidade”, mas sublinha que para quem gere ser “chato” é o melhor porque não há surpresas.

Apesar das dificuldades que o mercado tem vivido nos últimos 3, 4 anos, com problemas do ponto de vista económico e uma pandemia, no que toca ao negócio, não houve mudanças nas ambições da agência e tudo o que estava planeado foi praticamente cumprido. Mudar de instalações, crescer e lançar novas unidades, foram alguns dos objectivos alcançados. “Não foi fácil, mas aconteceu”.

Quais são as especificidades do mercado angolano?

A cultura é desde logo algo que torna o mercado nacional único, de acordo com os publicitários. A dupla aponta também para um desequilíbrio em termos de ambição e expectativas em relação aos projectos “onde se desenvolvem projectos com uma ambição gigante, mas que afinal são impossíveis”, contrastando com outros projectos “com uma ambição muito pequena, mas que afinal têm muito mais para crescer”. “A bússula está sempre um bocadinho desajustada, mas a nossa experiência já nos permite orientar as coisas para o caminho certo”.

Segundo João Graça, a dupla também teve de se ajustar à forma como olham para a comunicação, tendo em conta a experiência que traziam de outros mercados.

A agência tem um foco particular em termos de clientes e projectos?

A cultura publicitária é uma “cultura de pizza”, conta-nos Ricardo Sena Lopes. Não é muito profunda, mas é altamente abrangente. Não quer dizer que não se pense as marcas a fundo, mas nunca ao nível do que fazem os clientes. O gestor explica que quanto mais “cultura de pizza” tiverem (quanto mais a pizza for ‘familiar’) significa que mais ingredientes vão existir, dos vários segmentos de mercado.

Porém sabe-se que o mercado é dominado por talvez 10 marcas relevantes com capacidade para investir e que uma dessas faz o papel de 15 das outras. Quando se olha para os clientes é preciso ter um mix entre empresas grandes e pequenas.

Uma maior abrangência é boa para o negócio e para os publicitários, em particular para os criativos que podem pensar em várias coisas e não só uma, o que é motivador e energético. Ricardo Sena Lopes chama ainda a atenção para o facto de neste negócio ser muito importante a criatividade andar de mãos dadas com o serviço. “Ganham-se contas pela criatividade mas também se perdem pelo serviço”.

O que levou a mudarem de instalações?

“Já estávamos limitados em termos de espaço por causa do crescimento da empresa. Por outro lado, temos projectos futuros que implicam crescer ainda mais”, confirma Ricardo Sena Lopes.

Crescer como?

O CEO da agência aponta que o crescimento está a dar-se transversalmente nas disciplinas de comunicação que oferecem aos clientes, mas também cresceram com mais uma marca. A UP vem dar resposta a projectos de clientes que não poderiam ser servidos pela BOOST. A entrada em outros mercados é algo que também está a ser avaliado pelos responsáveis da agência.

Parceiros Banner Unisaude As melhores soluções do mercado para o benefício saúde

Artigos Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Botão Voltar ao Topo