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As Marcas e a Selecção Nacional: Apoio vs Oportunismo

É vital um planeamento cuidadoso para equilibrar a oportunidade momentânea com uma abordagem genuína e respeitosa

No fervor do Campeonato Africano das Nações (CAN) 2024, assistimos a um fenómeno curioso e digno de análise: o envolvimento crescente das marcas angolanas com a selecção nacional, especialmente após a sua qualificação para os oitavos de final e a vitória sobre a Namíbia. Este envolvimento levanta questões pertinentes sobre a linha ténue entre o apoio genuíno e o oportunismo das marcas.

Inicialmente, as marcas começaram por abraçar o sucesso da selecção, incorporando um meme que celebrava o espírito de equipa e a alegria dos Palancas Negras, particularmente o seu ritual pré-jogo – a dança ao som do kuduro com a “Coluna do Gibelé”. Esta estratégia de comunicação, embora criativa, foi apenas o início de uma interação mais profunda e complexa.

Segue-se uma fase mais directa de envolvimento, com a promessa de prémios, tanto monetários como de outra natureza. Vídeos circularam nas redes sociais mostrando responsáveis de empresas a comunicar diretamente com jogadores sobre essas ofertas, um gesto que, apesar de aparentemente benéfico, gerou controvérsia.

Esta acção desencadeou uma ampla discussão em diversos fóruns, dando origem a uma percepção de oportunismo por parte das marcas. A Federação Angolana de Futebol, atenta a este cenário, emitiu um comunicado agradecendo o apoio e as promessas, mas alertando para o potencial risco de tais interações directas com os jogadores, que podem afectar a concentração da equipa.

O debate intensificou-se com a divisão de opiniões. Por um lado, muitos veem estas acções como positivas, um impulso moral e financeiro para a selecção. Por outro lado, críticas surgiram quanto ao timing e à forma deste apoio, considerando-o oportunista, dado que o mesmo não foi manifestado antes do início do torneio. Os memes gerados nas redes sociais refletem esta dualidade de percepções, destacando tanto os aspectos positivos como os negativos.

Este cenário reflecte a “velha história” das marcas que alteram o seu registo habitual para surfar numa onda de popularidade, utilizando para isso as redes sociais. No entanto, as redes sociais são também palcos de escrutínio público, onde tais iniciativas são analisadas e discutidas. Assim, torna-se imperativo que as marcas planeiem cuidadosamente as suas estratégias, equilibrando o espírito momentâneo com uma abordagem genuína e respeitosa.

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