ENTREVISTAS

Authentic: Por Dentro Da Liderança Da Melhor Agência De Marketing De Influência De Angola

Em entrevista, as responsáveis da agência abordam a trajetória ascendente, as estratégias vencedoras e os planos futuros

Recentemente, a Authentic foi coroada como a Melhor Agência de Marketing de Influência em Angola nos prémios ‘African Excellence Awards 2023’, uma conquista que evidencia o impacto revolucionário que esta agência tem vindo a imprimir no mercado angolano desde a sua fundação em 2019.

A propósito desta premiação, as líderes da Authentic, Carolina Freitas Lopes, Lay Van-Dúnem e Poupée Martinho, concederam-nos uma entrevista exclusiva reveladora. Ao longo da nossa conversa, explorámos a trajectória ascendente da agência, as estratégias vencedoras que as posicionaram na vanguarda em Angola, e os planos futuros para continuar a inovar no sector. Acompanhe esta conversa inspiradora e descubra os bastidores do sucesso da Authentic:

Como foi a reação da equipa da Authentic ao receber o prémio “African Excellence Awards 2023”?

Ficámos muito felizes. É a primeira distinção internacional que recebemos, claro que nos deixa muito orgulhosos. Quando nos contactaram, ainda na fase da nomeação, pensámos “Uau! Fomos vistos!” mas nessa altura não acreditámos que iríamos ganhar, a nomeação já era uma vitória. Quando nos anunciaram que fomos os vencedores, foi a melhor surpresa de 2023.

Podem falar sobre os principais desafios que enfrentaram ao tentar revolucionar o marketing de influência em Angola ao longo destes quatro anos?

O maior desafio é, sem dúvida, a valorização do mercado. Ouvimos frequentemente, “mas isso tudo só por 2 posts no feed?”. As pessoas não entendem que 2 posts no feed são efectivamente o trabalho dos criadores de conteúdo e que cada trabalho tem o seu valor. Este desafio torna-se mais difícil quando existem pessoas com alguns milhares de followers nas redes sociais e se vendem por pouco – isso só atrasa o processo de crescimento e valorização do marketing de influência no nosso país.

Na Authentic dizemos muito “não” para que o “sim” seja valorizado.

Outro desafio é a confusão permanente entre famoso e influenciador. Em Angola, famoso é cantor e as pessoas (o mercado e o público em geral) tendem a achar que no universo digital as coisas funcionam da mesma maneira. O que acontece, depois, é que se deparam com um perfil com 1M de followers e a sua publicação do produto A ou B reuniu 300 likes e não atingiu sequer 10.000 perfis – acreditam mesmo que isso vai impactar alguma venda?

Diríamos mesmo que os principais desafios são a valorização do mercado e a ética entre profissionais de um sector que ainda quase tudo para desenvolver.

Desde a fundação da Authentic em 2019, que estratégias consideram que foram cruciais para o crescimento e reconhecimento da agência?

Para nós, crescimento e reconhecimento sempre foram dois conceitos que viveram separados. Tu podes ser altamente reconhecido e, nem por isso, cresceres.

A pandemia foi a nossa chave para o reconhecimento e, nesse campo, toda a nossa gratidão é dos autênticos (agenciados). Numa altura em que o mundo todo se voltou para o digital, havia uma micro-empresa, acabada de ser criada, que tinha tido a ousadia de começar um caminho de influência e conteúdos digitais. De repente, a Juddy falava da Authentic, o Sarissari falava da Authentic, o Addy falava da Authentic, o Marco Victor falava da Authentic… e as pessoas ficaram curiosas. Conseguimos, nos 3 meses de pandemia severa, a proeza de toda a gente falar de nós e não facturarmos nem 500.000 kwanzas. O nosso reconhecimento é, por isso, fruto da crença de um grupo de pessoas com alta visibilidade e da nossa resiliência, fruto do nosso sonho. O crescimento vem depois disto tudo…

2021 foi o nosso ano de maior crescimento. Começámos o ano com uma equipa de 4 pessoas e terminámos o ano com uma equipa de 11. De repente, éramos um team de futebol. Tivemos, naturalmente, muitas dores de crescimento e errámos muito até acertar. Perdemos pessoas da equipa, perdemos clientes, despedimos outros. Aprendemos a saber dizer “não” e a escolher o que a Authentic quer e não apenas o que o mercado procura no imediato e, por isso, efémero. Parámos, reorganizámos, voltámos ao foco estratégico e em 2022 conseguimos continuar a crescer, mas de forma sustentada e não acelerada.

O nosso crescimento está directamente relacionado com a capacidade que temos de nos lembrarmos de onde viemos e termos muito claro o horizonte onde queremos chegar e vamos, step by step, alcançando isso, respeitando os nossos principais valores: qualidade, ética, capacidade de resposta e autenticidade.

Carolina, Lay e Poupée, qual é o papel de cada uma na liderança da agência e como as vossas competências se complementam?

Esse é o nosso maior trunfo – as competências que se complementam (risos). A Carolina é Directora-Geral da Authentic e acumula a área financeira. A Lay é Directora de Eventos e New Business e acumula a área dos recursos humanos. A Poupée é a Directora da Operação global da empresa e a alma criativa e livre que nos permite estar sempre a inovar e a reinventar.

Embora cada uma tenha as suas competências e responsabilidades, a Authentic não tem uma estrutura de decisão unilateral, as decisões são ponderadas e tomadas em conjunto. Embora a Carolina seja Directora-Geral e Financeira e exista uma linha de report normal de uma estrutura organizada, a verdade é que a Carolina também reporta à Lay e à Poupée enquanto administradoras e sócias da empresa.

Mais do que as nossas competências, o que nos complementa são as nossas diferentes personalidades e visões, que nos guiam em diferentes caminhos para um propósito comum. Nós somos muito unidas, a Authentic é o nosso bebé e temos uma confiança muito sólida – mesmo que estejamos em desacordo, se uma toma uma decisão, ninguém vai contestar, vamos arranjar forma de fazer com que essa decisão seja a mais acertada de todas e, se não for, assumimos as três a responsabilidade disso.

O Wilson Photographer é mencionado como o visionário criativo da agência. Como é a interacção entre o lado criativo e o lado estratégico da empresa?

É o ponto de stress da operação (risos). O Wilson, como nosso Director Criativo, sofre com as nossas estratégias. A criatividade é uma disciplina que precisa de liberdade e de tempo, a nossa área de negócio é talvez uma das mais apressadas – o cliente quer sempre tudo para ontem.

Nós temos muita confiança no Wilson e sentimos que ele tem muita confiança em nós. Discutimos muito, falamos muito, pensamos muito… olhamos para 3 formas diferentes de fazer as coisas.

Mas no final do dia, o lado criativo e o lado estratégico querem a mesma coisa: o orgulho de entregar um bom (e bonito) trabalho.

Aryovaldo, Addy Buxexa e Bruna Sousa são apenas alguns dos influenciadores que a Authentic representa. Como é o processo de seleção e parceria com novos influenciadores?

Não existe (risos). E não há algo tão sério que possamos dizer como isto. A Authentic tem um portólio de 14 agenciados, dos quais 10 estão connosco desde 2020. Dos nossos agenciados iniciais, até hoje, saíram 2 pessoas do nosso portfólio.

Quando começámos, a nossa estratégia foi reunir um grupo de pessoas com personalidades, posicionamentos e públicos totalmente diferentes para podermos mostrar a nossa capacidade de trabalho estratégico independentemente do perfil.

Nunca tivemos casting aberto e essa nunca será a nossa estratégia.

Agenciamos quem temos que agenciar, quando tempo que agenciar, desde que exista uma necessidade e vontade das duas partes e desde que qualquer relação profissional possa pautar-se pela nossa base: confiança.

Para além do marketing de influência, a Authentic tem outras três vertentes de negócio. Qual destas vertentes apresenta maior crescimento ou potencial em Angola actualmente?

Se a área de marketing de influência é a nossa área core bandeira, a área de produção de eventos e activação de marca é a nossa área core em volume de negócio.

A Authentic tem 4 áreas de actuação, todas elas ligadas à Comunicação e à ligação directa entre o online e o offline: Agenciamento e Marketing de Influência, Produção de Eventos e Activação de Marca, RP e Assessoria de Imprensa e Conteúdos Digitais e Redes Sociais.

A área em que mais crescemos nos últimos 2 anos foi a área de produção de eventos e activação de marca, principalmente após a entrada da Lay Van-Dúnem na estrutura societária da Authentic.

Como veem a evolução do marketing de influência em Angola e no continente africano nos próximos anos?

A nossa visão é de que o Marketing de Influência deve acompanhar a evolução digital no geral em Angola, particularmente e em África, no geral.

Não nos esqueçamos que o nosso país tem ainda uma percentagem muito reduzida de pessoas com acesso à internet face ao seu potencial baseado no número de população. Portanto, o crescimento do Marketing de Influência está intrinsecamente ligado ao crescimento do digital, no geral.

À medida que as redes sociais crescem no nosso país, surgem influenciadores locais em diferentes nichos e sectores. Também o crescimento do comércio eletrónico no nosso país, afecta directamente o marketing de influência, uma vez que influenciador de opinião e acesso à decisão imediata de compra podem estar à distância de um único click.

A evolução desta disciplina exigirá também a respectiva regulamentação. Tal como qualquer outra área da publicidade e do marketing, o Governo e as autoridades locais terão que iniciar o processo de construção de leis e regulamentos.

Existe uma certeza independentemente da área cinzenta do futuro: a transparência e a autenticidade continuarão a ser elementos-chave para o sucesso das campanhas de marketing de influência em todo o continente.

Quais são os próximos objectivos e metas para a Authentic, tendo em conta o reconhecimento que acabaram de receber?

Este reconhecimento é uma consequência, não é ditador da nossa estratégia ou posicionamento.

Estamos em Agosto, o nosso foco mantém-se: manter até Dezembro o foco no cumprimento dos objectivos definidos para este ano.

Talvez em Novembro, mês em que todos os anos, planeámos e fechamos a estratégia do ano seguinte, tenhamos este reconhecimento em consideração para a estratégia da área de influência. Por agora, vamos desfrutar do sentimento orgulhoso de termos vencido, ao mesmo tempo que mantemos o nosso passo acelerado rumo ao cumprimento dos objectivos.

Em relação às palavras das três sócias: “É um prémio de toda a equipa autêntica e de todos os nossos agenciados que há 4 anos acreditam em nós”. Como vocês mantêm essa confiança e relação estreita com a vossa equipa e agenciados?

Eis uma pergunta que nunca nos fizeram… e pensando bem… não achamos que exista uma fórmula.

A nossa equipa sabe que pode contar connosco. Nós partimos sempre de uma base de confiança, acreditamos sempre. Damos liberdade a cada um, desde que essa liberdade não seja confundida com libertinagem. Temos um método de gestão aberto, de uma forma geral a equipa sabe sempre onde estamos, o que vamos fazer e para onde devemos ir. São parte da Authentic, existe essa pertença. Acreditamos que é isso que mantém a nossa estrutura sólida e com poucas alterações ao longo dos anos.

Em relação ao nossos agenciados, talvez olhemos como um casamento… podemos discutir mas sabemos onde é a nossa casa. Tantas vezes é da discussão que nasce a luz… É das diferentes opiniões que nasce o desafio. Somos muito focadas em não confundir relações pessoais e profissionais. Qualquer pessoa é livre de se identificar mais ou menos com outra pessoa, ter uma ligação mais emocional ou mais racional, o que não pode acontecer na Authentic é que as relações ou preferências pessoais, ditem os resultados profissionais.

As nossas relações são pautadas por ética, respeito, ligação emocional e confiança. Se existe algum segredo, andará muito próximo disto.

Como a Authentic se diferencia das outras agências em Angola? Existe algum aspecto único na vossa abordagem ao marketing de influência?

Só o facto de seres 3 mulheres na liderança da empresa já um factor distintivo (risos). E achamos que tudo resulta disso.

A nossa visão, atenção ao detalhe, bom-senso, criatividade, metodologia, compromisso, presença, entrega… é o que nos distingue.

Sem presunção, na nossa abordagem ao Marketing de Influência, todos os aspectos são únicos porque fomos a primeira agência a trabalhar esta área de forma profissional, pelo que isso ninguém nos tira.

Se existem outras agências altamente válidas, que, entretanto, se desenvolveram e dão cartas, que também têm a capacidade de inovar e que nos desafiam? Claro que sim! A concorrência só nos motiva a ser melhores.

Qual foi a campanha ou parceria mais desafiadora que realizaram até hoje e o que aprenderam com essa experiência?

Sem dúvida que a campanha mais desafiadora do ponto de vista do risco e da inovação foi o lançamento do Tik-Tok do Kero. O Kero foi a primeira empresa em Angola a lançar-se nesta rede social e a acreditar na Authentic para o conseguir.

Estamos a falar de uma campanha que gerou números que à data de hoje já não seriam possíveis: 1.000 followers em 24 horas, 7.000 followers ao fim de uma semana, 13.000 followers no final do primeiro mês desde a abertura da página. Isto tudo apenas com uma estratégia de conteúdos digitais de influenciadores. Tivemos um vídeo com mais de 1M de visualizações em menos de 2 meses. Esta campanha ficará para sempre na nossa memória como a confirmação de que o propósito da Authentic sempre foi real.

Dado o crescimento rápido e o reconhecimento da Authentic, como garantem que a cultura e os valores da empresa se mantêm consistentes ao longo do tempo?

A estrutura da nossa equipa muda muito pouco desde há 2 anos a esta parte e, à medida que vamos crescendo, já existe uma estrutura sólida pronta para envolver o novo elemento na cultura. Além de nós, os nossos recursos mais séniores como o Wilson Photographer e a Natália Yange, ajudam muito neste processo.

A transmissão dos nossos valores começa na entrevista. As nossas entrevistas são muito descritivas da personalidade Authentic e do propósito Authentic.

Mais do que empresa, a Authentic é uma marca e todas as pessoas que trabalham connosco sabem que só as queremos na estrutura enquanto forem felizes.

Partindo destas bases de transparência, rigor, coerência e consistência, a cultura e os valores estão sempre presentes.

Com a crescente digitalização e a importância das redes sociais, que conselhos dariam a marcas e empresas em Angola que querem entrar no mundo do marketing de influência?

Às empresas: Se for apenas mais uma empresa, serão apenas uma empresa a mais. Sejam disruptivos, corajosos, consistentes. Estudem bem a área, conheçam o mercado e pautem-se pela ética. Desafiem-nos para podermos todo crescer e assim contribuir para o crescimento do sector no geral. Às marcas: Apostem, invistam, acreditem. Saiam do brand book e permitam que a autenticidade domine. Apostem em criadores de conteúdos genuínos, criativos e profissionais que têm efectivamente a capacidade de influenciar comportamentos, porque uma venda não é mais do que uma decisão motivada por algo ou alguém.

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