CAIXA DE GIS

A Nova Era Do Marketing De Influência

Artigo assinado por Gislaine Marques*

Uma pesquisa divulgada no ano passado indicou que 75% dos jovens brasileiros querem ser influenciadores digitais. A motivação revelada foi o desejo de ser uma voz relevante e inspirar as pessoas. 64% também afirmaram ter interesse na “remuneração pela opinião”.

Será que em Angola o quadro seria muito diferente? Tudo indica que não.

Entre o hall de novas profissões, ser um digital influencer tornou-se o desejo de boa parte dos jovens ao redor do mundo, muitos deles a pensar que assim não seria preciso tanta dedicação aos estudos. Até porque, para quem olha de fora, de facto essa parece ser uma profissão fácil e divertida.

A realidade tem mostrado que não é bem assim. Para além das constantes mudanças nos algoritmos das redes sociais, o que exige um certo conhecimento de marketing digital, convém que os influenciadores de hoje aprendam um pouco sobre luz e sombra, ângulo fotográfico, poses e fotogenia, edição de vídeos, estética do design, gestão de comunidades, direitos autorais e até sobre gestão de crise, sem exagero.

Conquistar seguidores também ficou mais difícil. Foi-se o tempo em que bastava publicar uma foto com o corpo bonito ou um vídeo caseiro engraçado para rapidamente conquistar seguidores e, na boleia, o patrocínio das empresas.  As exigências do mercado já são muito maiores. Os consumidores demandam cada vez mais que os influenciadores sejam criativos e genuínos em suas recomendações, e que revelem claramente a sua relação com as marcas.

Se, no passado, o mais comum era as empresas pagarem para que celebridades, com milhares de seguidores, falassem bem dos produtos, hoje o que se busca é autenticidade e transparência. Para os seguidores, é importante saber que o influenciador usa mesmo aquela marca e está a ser autêntico. Uma oportunidade para os chamados nano e microinfluenciadores, com números entre 5k e 50k seguidores.

E quem são esses influenciadores de nicho? Justamente aqueles que optaram por ser criadores de conteúdo, conseguindo aprofundar uma área de conhecimento e colocar o seu diferencial sobre a mesa. É a rapariga que percebe tudo sobre investimentos e finanças e explica o assunto com clareza, o personal trainer que dá dicas de exercícios e boa alimentação, a adolescente que ensina Língua Portuguesa de uma maneira divertida e interessante, a vovó moderna que fala sobre maquiagem na terceira idade. Essas pessoas têm seguidores fiéis e comprometidos porque criaram relações de convívio e real engajamento.

As marcas querem o que os seus consumidores querem. E as pessoas cada vez mais querem conectar-se com quem lhes é verdadeiro e inspirador, que lhes pode acrescentar algo.

Se a profissão de influenciador digital tem um longo futuro pela frente, é difícil determinar. A única certeza que se pode ter é que adquirir conhecimentos não faz mal a ninguém. Muito pelo contrário. Inclusive, é das melhores partilhas que se pode fazer.

*Gislaine Marques, a Gis, é Mestre em Publicidade e Relações Públicas, copywriter, estratega digital e formadora. A sua experiência a trabalhar para grandes marcas nos mercados de Angola, Brasil, Moçambique e Portugal ultrapassa três décadas.

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