Esta é uma das grandes questões que os meus clientes mais fazem sempre que palestro nas empresas ou até mesmo quando me procuram para um programa de coach de saúde e bem-estar.
Sempre que essa pergunta surge a maioria dos profissionais responde que está cada vez mais desafiante separar a vida pessoal da vida profissional e até mesmo encontrar tempo e motivação para realizar outras tarefas que lhes tragam prazer fora do seu trabalho, isto porque, cada vez mais, somos “engolidos” pelo nosso próprio trabalho.
Há muito tempo que executivos do mundo inteiro vêm sentindo essa necessidade de aprender a equilibrar vida pessoal com a vida profissional, mas foi com a chegada da pandemia que este tema ganhou maior destaque no mundo organizacional, fazendo com que a OMS decretasse algumas directivas de protecção à saúde mental e emocional dos colaboradores nas organizações.
Há cada vez mais profissionais doentes, não importa o cargo que ocupem. Vivemos uma era em que as doenças mentais e emocionais fazem com que os colaboradores se sintam infelizes, sobrecarregados e sem capacidade para manter a sua produtividade e a sua motivação.
Porque vivemos essa epidemia de falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional de forma crescente e assustadora?
A maioria das empresas actualmente tem como base a cultura do medo e da pressão por maiores resultados, o que faz com que os colaboradores sejam cada vez mais pressionados para cumprir prazos e atingir objectivos num curto espaço de tempo e sob grande pressão.
Este tipo de cultura faz com que os colaboradores não se sintam capazes de realizar e controlar as suas agendas diárias, o que leva a que estes colaboradores passem mais tempo no seu local de trabalho, ainda que não seja tão produtivo.
Outra coisa que é comum nos dias de hoje é a facilidade com que temos acesso ao nosso trabalho mesmo estando fora do escritório. Ou seja, quase toda gente tem emails de trabalho, grupos de WhatsApp no seu telefone pessoal, além dos chefes que não respeitam os horários de trabalho, ligando e enviando emails de carácter urgente fora d`horas e pressionando para que este colaborador responda no momento.
Existem outros fatores que também alimentam essa falta de equilíbrio, como as viagens constantes e a falta de reconhecimento do trabalho realizado pelo colaborador, sendo que as principais, foram as que mencionei no início.
O que acontece a médio longo prazo com estes colaboradores que vivem diariamente nestas condições?
Estes colaboradores desenvolvem burnout`s, esgotamento mental e emocional, ataques de pânico e ansiedade, depressão e até mesmo doenças físicas, entre as quais, dores no estomago, rigidez muscular e dores de cabeça constantes.
Como podemos trazer esse equilíbrio de forma pratica para o nosso dia a dia?
As empresas precisam de começar a criar uma cultura organizacional em que os colaboradores são vistos não apenas como recursos para atingir os seus objetivos comerciais, mas sim, como Seres Humanos e, como todo o ser humano, este colaborador precisa de um Plano de Desenvolvimento pessoal em contexto organizacional, para atingir com eficiência os objetivos e as pressões a que é sujeito diariamente.
Este plano de desenvolvimento pessoal engloba programas de saúde e bem-estar, auto-conhecimento, gestão do stress e das emoções, mindfullness, nutrição e programas de gestão do tempo. Para isso é necessário procurar ajuda externa de profissionais capacitados em bem-estar, psicologia, nutrição e atividades físicas.
Internamente as empresas deverão apostar nas novas tecnologias como forma de simplificar tarefas rotineiras e mecânicas, fazendo com que o colaborador obtenha mais tempo e maior flexibilidade nos seus horários de trabalho.
Implementar dias off ao longo da semana sempre que o trabalhador necessite de descanso ou de tempo para si e, acima de tudo, começar a implementar uma cultura onde cada colaborador é visto com um ser humano que possui capacidades e necessidades.
É importante frisar que a cada um dos colaboradores também é responsável por cuidar da sua saúde e bem-estar, quer seja físico, mental e emocional e que pode dar o primeiro passo buscando por terapeutas e coachs especializados em saúde e bem-estar para ajudar a torná-los emocionalmente e fisicamente mais capazes.
Alexandra Sousa é Coach Executiva de Desenvolvimento Pessoal e Profissional, Consultora Comportamental e Facilitadora de Mindfullness. Com experiência abrangente na área de capital humano e desenvolvimento pessoal, desenvolve estratégias e programas dentro das organizações para que estas construam uma cultura com Colaboradores Emocionalmente Mais Capazes para atingirem a sua melhor performance e ao mesmo tempo que garantem o seu bem-estar. É Mentora de Mulheres Executivas, guiando as suas jornadas desde autoconhecimento até à nutrição, para que elas melhorem a sua performance na vida pessoal e profissional. É parceira de negócios da Clarity4D, multinacional na área de desenvolvimento comportamental.
